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Fotos: Reproduções rede social/10/2022*
Texto: Jornalista Ademar Lourenço**
Há quem faz o chamado desesperado de “às ruas, às ruas, às ruas!!!” para a defesa do governo Lula. As pessoas não vão às ruas.
Em 2023, logo depois do 8 de janeiro, as direções majoritárias da esquerda não chamaram atos pela prisão de Bolsonaro. A posse de Lula tinha sido gigantesca e a mobilização no segundo turno de 2022 ainda era recente. Era a hora exata de lotar as ruas pela prisão de Bolsonaro. Mas preferiram esperar.
“Não vamos tensionar, não vamos polarizar, devemos esperar as instituições funcionarem. Estamos em um período defensivo”, diziam.
No segundo semestre de 2023, teve a Reforma Tributária. Tímida, sem aprovação de impostos para os mais ricos. Seria possível alguma mobilização por medidas como o Imposto sobre Grandes Fortunas, que é unanimidade na esquerda.
Ou, pelo menos, pela isenção do Imposto de Renda para quem ganha menos de R$ 5 mil. Mas não, não fomos às ruas. Afinal, estamos em um período defensivo.
Tivemos que aceitar uma reforma que mantém uma enorme carga tributária para os assalariados enquanto os ricos vivem em um paraíso fiscal.
Imaginem Bolsonaro preso ainda em 2023 e as mudanças no Imposto de Renda já valendo em 2024. A situação seria outra. E este não é um quadro fantasioso, seria possível.
Esperaram passar dois anos e meio. Esperaram a direita se reorganizar, esperaram a base de ruas da esquerda se dispersar. Esperaram o governo perder popularidade. Esperaram que o Centrão cumprisse os acordos. Não cumpriu. Ora, que surpresa.
Agora fazem o chamado para que a militância salve o governo. Pois bem. Estamos em um período defensivo, não é isso companheiro?
Perdemos o bonde. Não nocauteamos o inimigo quando ele estava fraco. Não mobilizamos nossa base quando ela ainda tinha ânimo.
“Não se chora pelo leite derramado”, provérbio de um país que não me lembro. Nos encontramos nos atos da oposição contra o governo Tarcísio em 2027. Que fique a lição.
*(“Essa foto é de outubro de 2022, sou eu fazendo campanha para Lula na Rodoviária de Brasília”).
**Ademar Lourenço é jornalista e titular do quadro “Conexão Brasília”, da Rádio Censura Livre
