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Greve geral na Argentina: Resistência contra medidas extremistas e a busca por alternativas sustentáveis à classe trabalhadora - CL Web Rádio

Greve geral na Argentina: Resistência contra medidas extremistas e a busca por alternativas sustentáveis à classe trabalhadora

Por Almir Cezar Filho
Fotos: Reproduções

[26/01/2024] A Argentina está atualmente envolta em uma onda de protestos e greves que ecoam o descontentamento generalizado em resposta às medidas econômicas extremistas propostas pelo governo do ultradireitista e autoproclamado “ultraliberal” Javier Milei, empossado a menos de dois meses. A magnitude da greve geral convocada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT) e as demais centrais sindicais e movimentos populares e os partidos de esquerda do país, ocorrida na quarta-feira (24), reflete não apenas a insatisfação, mas também a compreensão coletiva de que as políticas em debate têm implicações profundas na vida dos argentinos.

Contexto da Crise Argentina

A Argentina enfrenta uma crise econômica aguda, marcada por uma inflação alarmante de 211,4% em 2023. A resposta do governo Milei, encapsulada no Projeto de Lei “Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos”, busca implementar medidas radicais, argumentando que a convergência fiscal é imperativa para conter décadas de inflação e instabilidade econômica.

A Origem das Propostas e as Influências Internacionais

Uma análise mais profunda revela que as propostas controversas não são meramente uma resposta orgânica às condições internas da Argentina. Pelo contrário, elas têm as digitais de grupos internacionais, conhecidos coloquialmente como o “Círculo Vermelho”. A conexão com interesses corporativos de origem anglo-americana levanta preocupações legítimas sobre a independência das políticas em relação às necessidades do povo argentino.

Ataques aos Direitos dos Trabalhadores

A implementação do Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) e do Projeto de Lei “Lei Ômnibus” tem sido interpretada como um ataque direto aos direitos dos trabalhadores. A desregulamentação proposta e as mudanças em questões políticas, eleitorais, trabalhistas e tributárias sugerem uma reorientação da relação histórica entre Capital e Trabalho, deixando os setores mais vulneráveis da sociedade à mercê das forças do mercado.

Por que as Medidas do Governo Milei Não Funcionam

Além de atacar os fundamentos dos direitos trabalhistas, as medidas propostas pelo governo Milei enfrentam críticas substanciais por sua eficácia. A abordagem centrada no arrocho fiscal e na diminuição da quantidade de dinheiro em circulação não aborda as raízes sistêmicas da inflação e ameaça aprofundar as desigualdades sociais, em vez de resolver os problemas econômicos estruturais.

Propostas Alternativas para uma Economia Sustentável

A resposta à crise argentina deve ser holística e centrada nas necessidades do povo. Propostas alternativas incluem:

a) Investimento em Desenvolvimento Sustentável: Direcionar recursos para setores que impulsionem o desenvolvimento econômico sustentável e a criação de empregos, que ampliam a oferta agregada de bens e serviços, e possam conter a alta ou até baixar os preços da economia.

b) Reformas Progressistas: Implementar reformas fiscais e políticas que abordem as desigualdades e promovam a justiça social e combatam os oligopólios do mercado argentino, com seus repasses de margem de lucros gigantescos sobre os preços.

c) Negociação Equilibrada da Dívida: Em vez de medidas austeras, buscar negociações equilibradas para aliviar o fardo da dívida pública interna e externa, que onera o tesouro argentino e contribuí para o caos fiscal.

Conclusão

A greve geral e as mobilizações de rua emergem como uma resposta significativa à tentativa do governo Milei de impor medidas radicais. O que está em jogo não é apenas a estabilidade econômica, mas a própria estrutura social da Argentina. A luta pela derrota do governo representa uma busca por soluções mais justas e sustentáveis que priorizem o bem-estar da população em detrimento de interesses corporativos. O futuro da Argentina será moldado pela capacidade do povo de resistir e propor alternativas que garantam uma sociedade mais justa e equitativa.

*Almir Cezar Filho – Economista, colunista da Rádio Censura Livre e apresentador do programa Economia É Fácil [na RCL] e editor da ANotA – Agência de Notícias Alternativas. Texto para a Agência de Notícias Alternativas (ANOTA)

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