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Por Wendell Setubal*/
Foto: Reprodução/Internet/
QUEM foi Pirro? Bolsonaro não deve saber, porque livro pra ele é coisa do “marxismo cultural”. Pirro foi um general que ganhou uma guerra, mas a um preço muito alto. Ao final, declarou algo do tipo “mais uma vitória dessa estou perdido”.
LULA foi quem teve a Vitória de Pirro. Lula e a esquerda, desde a reformista até a mais radical.
TEMOS de reconhecer que o aumento da bancada do PT e do PSOL foi bom, mas a luta de classes não passa SÓ pelo parlamento. Com a desindustrialização e robotização, os sindicatos ficaram enfraquecidos. A classe trabalhadora encolheu, mas não desapareceu. No caso brasileiro, o setor de serviços é o que aglutina mais trabalhadores. Com robôs, ainda existe luta de classes?
O CHIP, esse ícone da modernidade, é feito de minério, extraído por mineiros em condições de trabalho insalubres; além disso, o mineiro tem baixa expectativa de vida, bem inferior à de um trabalhador comum.
QUANTO às pesquisas, acertaram no Nordeste, no Sul, no Norte e no Centro-Oeste. No Sudeste, acertaram no percentual de Lula em Minas, mas não em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde a votação de Bolsonaro foi superior. Além daquela classe média racista, homofóbica, que acha que pobre é vagabundo e na favela só tem bandido, e dos evangélicos, quem vota em Bolsonaro e por quê?
AS pessoas que ganham de 2,5 até 5 salários mínimos, que Dilma chamou de “nova classe média”, podem ser a chave para explicar a base social de massa do bolsonarismo. Dois sociólogos da Universidade São Paulo (USP), Breno Barlach e Vinícius Mendes, publicaram, na edição de 25 de setembro, da Folha de S.Paulo, um texto que afirma ser o empreendedorismo, pela precariedade em que o suposto empreendedor vive, o instrumento para reforçar o individualismo, em detrimento do coletivo, ao mesmo tempo que eleva a desconfiança no papel do Estado. Que fazer?
BOLSONARO sai como favorito no segundo turno devido ao apoio de Romeu Zema, governador de Minas Gerais, do Partido Novo, de direita, ultraliberal em economia. Apesar deste apoio, Zema se arrisca a ser marginalizado pelo candidato do PL, que o verá como concorrente em 2026.
COMO, 2026? Não existe terceiro mandato para presidente! Falemos claro. Se o Lorde das Trevas ganhar, com um Congresso mais bolsonarista e conservador, vai desfigurar a Constituição, aumentando o número de ministros do Supremo, aprovando a destituição de juízes pelo Senado, avançando a precarização das relações de trabalho etc. Trata-se de uma tendência mundial: o trabalho recebe migalhas do capital globalizado, diminuindo a margem de manobra da social-democracia.
POR ISSO, a vitória de Lula pode ser pírrica, pois será acuado pelo Congresso e pelos governadores dos principais estados do país: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Se não houver massa na rua, Lula pode recuar nas suas propostas mais progressistas.
NOSSOS sonhos de um Brasil melhor dão trabalho. Vamos ao trabalho!
*Wendell Setubal – Revisor de texto com Pós-Graduação pela PUC-MG. Publicado originalmente na página Fato e Ideias no Facebook.