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'Obrigada, Tarcísio' - CL Web Rádio

‘Obrigada, Tarcísio’

Tarcísio quebrou tabus

Por Wellingta Macedo*

Foi no Dia Nacional das Artes, 12 de agosto, que partiu Tarcísio Meira. Não poderia ser num dia mais simbólico. De acordo com a legislação brasileira, o artista é o profissional que “cria, interpreta ou executa obra de caráter cultural de qualquer natureza”. O artista usa de toda a sua imaginação, criatividade e talento pra emocionar, chocar ou mesmo registrar momentos importantes da história da humanidade.

Tarcisão, como era carinhosamente chamado, foi um grande artista. Considerado por muitos, o maior Ator da Dramaturgia Brasileira. O trabalho de Tarcísio Meira como ator ajudou a quebrar um tabu machista de que Homem não assistia novela. Foi fazendo a novela “Irmãos Coragem”, de Janete Clair, um marco da teledramaturgia que João Coragem, seu papel na novela, conquistou os homens noveleiros. Isso na década de 70, em plena Ditadura Militar.

Mas Tarcisão quebrou outros tabus. Em Roda de Fogo, trama de Lauro César Muniz de 1986, ao interpretar o vilão Renato Villar, conseguiu com seu charme e carisma humanizar a tal ponto a personagem, que no final da novela todo mundo chorou quando ele morreu no colo da personagem da Bruna Lombardi. Eu era moleca e lembro da revolta da Mamãe. Roda de Fogo foi uma das primeiras tramas a ter o que chamamos no Cinema de “Plot Twist”, ou Reviravolta.

Outro tabu quebrado por Tarcisão foi no Cinema. Ao fazer a adaptação da peça “O Beijo no Asfalto” para a Tela Grande em 1981, dirigido por Bruno Barreto chocou os moralistas e conservadores ao beijar Ney Latorraca, na boca.

Tarcísio não era um galã comum. Tinha inteligência cênica, tinha nuances, seus mocinhos nunca eram água com açucar. Só odiei duas vezes Tarcísio na tevê; Quando ele fez o racista Raul Pellegrini em “Pátria Minha”, de Gilberto Braga, em 1994 e quando fez o comerciante asqueroso Dom Jerônimo, de “A Muralha”, de Maria Adelaíde Amaral, em 2000.

No dia nacional das Artes, eu artista, me despeço de um dos maiores artistas que já vi atuar na vida. Um Mestre que me ensinou muito na arte de atuar, sem nem saber. A arte nasceu com o homem e segundo Galeano sua função é nos ajudar a olhar. Ela permanecerá mesmo após a morte.

Obrigada Tarcisão, por me ajudar a olhar! ❤

(*) Wellingta Macedo apresenta o programa Cinema Livre, toda sexta-feira às 19h aqui na Web Rádio Censura Livre, com live pelo Facebook e YouTube. Ouça também em podcast e ainda na grade de programação no site e por APPs de rádio on-line.

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