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Por Wendell Setubal*/
COMO? Não estou entendendo. FATO E IDEIAS é do Bozo?
NÃO, meus caros amigos e amigas. Fui, sou e sempre serei de esquerda. Já afirmei no início do ano que um instituto de pesquisas que pesquisa as pesquisas concluiu que no Brasil o eleitorado comum, aquele que não pensa diariamente em política, só começa a se definir em junho. Se um instituto o procurar, no caso da atual sucessão, ele responderá um nome conhecido, ou seja, o atual presidente e o ex, Lula. Faltam abril e maio.
BOLSONARO abriu o placar com o troca-troca partidário permitido por lei. Saiu com a maior bancada e o Centrão está mais coeso, com o partido de Bolsonaro (PL), o PP, de Arthur Lira, presidente da Câmara e líder maior do Centrão, e o Republicanos, da Igreja Universal. Para se ter uma ideia do que isso representa, a Câmara aprovou caráter de urgência (projeto não passa pelas Comissões, indo direto ao Plenário) para um projeto de um obscuro parlamentar que propõe censura e multa a quem mencionar ou escrever a palavra Bíblia fora do contexto religioso!! Projeto de lei autoritário e ridículo. Dizem que a ideia veio quando o referido energúmeno viu uma referência a um livro como a “Bíblia Gay”!!
JÁ o pedido de urgência do deputado Orlando Silva, do PCdoB, regulamentando as Fake News, foi negado. Gol do Lorde das Trevas.
O SEGUNDO gol de Bolsonaro diz respeito às composições estaduais. Rio e São Paulo, os estados mais importantes politicamente, têm candidatos fortes no campo bolsonarista. Em São Paulo, onde Bolsonaro teve enorme votação, seu candidato, Tarcisio, ex-ministro, está em terceiro lugar na última pesquisa. Haddad, do PT, lidera, e em segundo lugar está Márcio França, do PSB de Alkmin, vice de Lula. Márcio diz que a candidatura permanece e Lula ainda não conseguiu demovê-lo.
NO Rio, a situação é mais complicada porque setores à esquerda e à direita não querem Freixo. Uma esquerda sectária e uma direita temerosa porque o cargo dará projeção a Freixo, que surge como nova liderança com vocação nacional. Para piorar, o candidato de Bolsonaro ao Senado é Romário, que não tem nada na cabeça, mas é popular.
O PT no Rio tem o setor fisiológico e ideológico representado por Benedita da Silva e Lindbergh Farias e o setor apenas fisiológico, cujo exemplo maior é Quaquá, ex-prefeito de Maricá. Este não queria Freixo. Lula os convenceu (duvido que façam campanha de fato) e disse ao PSB que o candidato ao Senado teria de ser do PT. O PSB concordou e os petistas indicaram André Ceciliano, presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual e ex-prefeito de Paracambi.
A DISPUTA para o Senado quando só há uma vaga é mais ideológica. Romário sofreria, pois tem pouco a dizer. Do outro lado, um deputado medíocre, que nunca teve a “cara” do PT. Pode até ser eleito, mas nada acrescenta.
O TERCEIRO gol foi contra, Lula jogou a bola na própria rede. Até parece que pretende instalar nos fundos da sede de campanha uma sucursal do Gabinete do Ódio. Ou um espaço para praticar tiro no pé.
EM reunião com sindicalistas sugeriu que formassem grupos de 50 pessoas para protestar nas casas dos deputados!! Qual o sentido desta proposta, perguntará você. Também não sei. Em outra reunião mencionou o aborto. Trata-se de uma posição partidária desde a fundação, mas é uma casca de banana jogada ao chão para ele escorregar. O Brasil é bastante dividido em questões comportamentais e Bolsonaro se aproveitou disso, sendo um dos eixos de sua campanha. Quer falar de aborto? Mencione a menina estuprada pelo tio, ameaçada de ir a óbito pelo corpo ainda não totalmente formado, que fez um aborto, garantido pela lei vigente, com um grupo na frente do hospital vaiando e chamando-a de amiga do demônio. Quem era esse povo? Funcionários da ministra Damares.
O POVINHO bunda do Bozo acredita em tudo que ele fala ou finge acreditar. O eleitorado de uma frente cujo vice é da Opus Dei é mais complexo e exige cuidado para não atritar com os distintos setores da frente ampla contra Bolsonaro.
E a vitória de Orbán, na Hungria, pela quarta vez, favorece Bolsonaro? Não necessariamente. Ele derrotou com facilidade uma ampla frente e fez o que Bolsonaro sonha: no segundo mandato, aumentou o número de juízes no Supremo e ficou com maioria, concedeu mais poderes ao primeiro-ministro e passou a se reeleger. Mas a Hungria é parlamentarista, Orbán é primeiro-ministro, não presidente, e o voto lá é distrital. Orbán remanejou os distritos de uma maneira que a esquerda ficou no gueto.
VAMOS virar o jogo? Além dos jogadores, a torcida (nós) tem de entrar no campo para a virada. A Terceira Via diz que sai com candidato único em maio. Será um elemento novo para se juntar a Lula e ao mau elemento que habita o Planalto, já com pedido de Ordem de Despejo. Até a próxima.
*Wendell Setubal – Revisor de texto com Pós-Graduação pela PUC-MG. Publicado originalmente na página Fato e Ideias no Facebook.