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Por Wendell Setubal*
Imagem/Reprodução/
JÁ FALEI aqui da empresa JOTA, que pesquisa as pesquisas. Debruçando-se sobre as pesquisas feitas desde 1989, quando voltaram as eleições diretas, após o fim da ditadura, concluíram que o eleitor comum, que não discute política todo dia, só começa a se definir a partir de junho. Se for abordado antes por uma das diversas pesquisas de intenção de voto, ele menciona o presidente, que aparece sempre nos noticiários, e alguém conhecido, que é o caso de Lula.
SE A JOTA estiver certa, as primeiras pesquisas em junho dão ampla vitória a Lula, com a possibilidade de, só com os votos válidos, atingir o percentual acima de 50%, com vitória no primeiro turno. Mais: Lula era visto como mais honesto do que Bolsonaro. Houve intensa pressão dos bolsonaristas sobre a empresa XP, que encomenda a pesquisa, e o cerco impediu a divulgação.
OCORRE que uma pesquisadora inovou: não perguntava sobre a intenção de voto. Mostrava frases indagando se concordava ou não com a expressão, por exemplo, “Bandido bom é bandido morto”. As questões abordavam, entre outras, a posse de armas, o casamento homossexual, a adoção de crianças por casais do mesmo sexo, aborto etc.
SUA CONCLUSÃO: a ideologia de extrema direita é defendida por 30% dos brasileiros; majoritariamente são homens, brancos e alguns muito ricos. Mais de 60 milhões de brasileiros! Um deles deve ser nosso amigo.
BRINCADEIRA À PARTE, a derrota de Bolsonaro não acaba com essa tribo. Bolsonaro é carismático, mas desperdiça isso com as bobagens e grosserias que faz. Veja o caso francês: o patriarca Le Pen reviveu a extrema direita e sua filha, Marine, é sua sucessora. Só que a mais brilhante da família é a neta, Marion, que se diz “conservadora”, nunca de extrema direita, leu Gramsci e deve ser mais hábil – jogo de cintura, como se diz – do que os parentes veteranos. Não dá para comparar a terceira geração Le Pen com Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro, Irmãos Metralha de quinta categoria.
BOLSONARO pode ser derrotado, mas a direita feroz continuará. Pelo peso eleitoral adquirido, a extrema direita não ficará órfã de liderança por muito tempo. O fascismo contemporâneo é antiglobalização, por isso nacionalista. Falta coesão à direita nesta questão, como se viu na saída da Inglaterra da União Europeia.
E SEU AMIGO BOLSONARISTA? Não perca tempo tentando demovê-lo, falem sobre o Flamengo. O Flamengo de Landim. Pera aí, dirá você, o Landim não foi o que se aliou a Bolsonaro pra ferrar a Globo? Foi cogitado para ser presidente da Petrobras. Vamos falar do Timão, o Corinthians, líder do Brasileirão. Seu amigo retrucará, Aquele da Gaviões da Fiel? São comunas! Landim tem escritório na Voluntários da Pátria, tem duas nações, o Flamengo e o Brasil…
É melhor discutir a conjuntura…
*Wendell Setubal – Revisor de texto com Pós-Graduação pela PUC-MG. Publicado originalmente na página Fato e Ideias no Facebook.