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UMA ALIANÇA DE TROTSKY COM VARGAS - CL Web Rádio

UMA ALIANÇA DE TROTSKY COM VARGAS

Por Wendell Setubal*
Imagem: Reprodução internet

NÃO, não estou maluco, vou explicar essa quase aliança. Antes, vamos ver por que estamos em casa hoje. É o dia da proclamação da República. Teve povo nisso aí? Não. Em vez de Pedro II, havia eleições, mas poucos tinham direito a voto.

ANALFABETOS e mulheres não votavam, ou seja, a maioria da população. Só em 1988 a Constituinte estendeu o direito de voto aos analfabetos.

OCORRIAM fraudes nas eleições e os conflitos eram regionais. Minas Gerais e São Paulo eram os protagonistas, a chamada República do Café com Leite. O Rio Grande do Sul juntou-se ao Nordeste, saindo uma chapa com Getulio Vargas na presidência e João Pessoa como vice. Isso em 1930.

A VITÓRIA da situação foi contestada e as tropas do Sul se deslocaram para o Rio de Janeiro, capital do país, amarrando os cavalos no Obelisco, na Cinelândia. Getulio prometeu eleições livres e limpas.

SETE anos depois, ele dissolveu o Congresso e ficou como ditador. O mundo caminhava para uma Segunda Guerra Mundial e a Inglaterra liderava os Aliados, com os Estados Unidos. As forças de extrema direita fascistas e nazistas juntavam Mussolini e Hitler, além do Japão. Era o Eixo.

VARGAS era pressionado pelos dois lados, e a Inglaterra ameaçou invadir o Brasil.

O HISTORIADOR Mário Maestri, pesquisando as Obras Completas de Trotsky, encontrou uma menção de Trotsky ao Brasil para os membros da IV Internacional, reunião de partidos que se colocavam contra a política de Stálin para o mundo através da III Internacional. Ele dizia que o governo de Vargas era semifascista, mas quem fosse atacado pelo imperialismo teria o apoio da IV.

HOJE, este argumento é utilizado pelos que defendem a Rússia na guerra contra a Otan e a Ucrânia. Já podem dizer: era a posição de León Trotsky.

A PRESSÃO inglesa foi bem-sucedida, o Brasil ficou com os Aliados e Vargas foi deposto. Fim da ditadura.

ANTES fosse: a burguesia brasileira mantinha a visão escravocrata nos anos 1960 e já não conseguia aumentar as forças produtivas, devido à resistência da classe trabalhadora. A contradição entre as forças produtivas – cujo aumento elevaria o mais valor, mantendo alta sua margem de lucro – e as relações de produção (entre patrões e empregados) levou ao Golpe de 1964, com o declarado apoio do capital internacional.

OS GOVERNOS militares se consideravam acima das classes, o chamado bonapartismo. Vastos setores da burguesia queriam a democracia de volta para que os conflitos dentro da classe dominante fossem também resolvidos no parlamento e não só no Alto-Comando das Forças Armadas.

O DESENVOLVIMENTO industrial gerou uma forte e concentrada classe operária no ABC (Santo André, São Bernardo e São Caetano). Lutava por aumentos salariais e produziu a maior liderança popular do Brasil, atualmente presidente da República.

A CONSTITUIÇÃO de 1988 já foi desfigurada pelas PECs – propostas de emenda à constituição. Vota-se de dois em dois anos, mas parece mais do mesmo. A direita conta seus lucros, a extrema direita mistura sionismo com evangélicos e a esquerda se preocupa com a próxima eleição.

UMA nova utopia? Pense nisso e bom feriado.

*Wendell Setubal – Revisor de texto com Pós-Graduação pela PUC-MG. Publicado originalmente na página Fato e Ideias no Facebook.

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